quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vestibular Fuvest 2004 Redação

Redação Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções do tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:

Texto I
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawm, Tempos interessantes: uma vida no século XX)

Texto II
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo.
Herberto Linhares, depoimento)

Texto III
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...

E que sabe, então,

O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos...

Sábios em vão

Tentarão decifrar
O eco de antigas, palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,

Vestígios de estranha civilização.

Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá

Se amarão, sem saber,

Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.
(Chico Buarque, "Futuros amantes")

Redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções do tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica.

Redação nº5 - “O tempo de cada um, cada um a seu tempo”.


      Talvez uma das maiores conquistas da humanidade em sua evolução das cavernas à sociedade moderna seja o conceito de tempo. Com a idéia de passagem do tempo, está a idéia de evolução, de mudança, de expectativas que virão, de lembranças do que já veio. A concepção de tempo nos diferencia dos demais elementos da natureza – animais, vegetais, seres inanimados em geral, todos estes vivem em um cotidiano atemporal, perene, interrompido apenas com a morte (para os seres vivos) e a destruição. O homem consciente do tempo é consciente de sua mortalidade, de sua condição efêmera e talvez por isso busque a cada momento modificar o mundo que o rodeia e interagir com seus componentes. Talvez seja o próprio tempo que nos faz verdadeiramente humanos.
        Por ser o tempo um conceito humano, tantos existe, quanto os seres que o concebem. Para uns, o tempo é história, aprendizado com as experiências passadas, referencial para nossa compreensão do mundo; o tempo de Hobsmann, crítico analítico, manancial de conhecimento. Para outros, o tempo é o instante, é presente, efêmero, é agora, sem maiores divagações; o tempo de Heriberto, fugaz e irreversível. Alguns, por fim, vêem o tempo com olhos contemplativos, num amanhã sem pressa, por ser inevitável. Tudo chegará um dia, como o amor da canção de Chico Buarque. Nada é para já, e certas coisas serão o que são, não importa em que época. Certas coisas desafiam o próprio tempo.
      A verdade talvez resida nos versos do músico. O tempo, surgido para dar um sentido à existência humana, acabou por escravizá-la. O homem moderno é refém do tempo, seja ele passado ou presente. Sem perder tais tempos de vista, poderia ser mais interessante voltar os olhos para o futuro, aguardar sua chegada com calma, dele desfrutar quando tornar-se presente e dele recordar-se quando virar passado. Seria um resgate à serenidade das eras atemporais, sem descuidar do progresso e da necessidade de mudar que a idéia de tempo traz ao homem.

“Não se afobe não, que nada é pra já”.

http://www.mundovestibular.com.br/articles/1416/1/O-QUE-E-DISSERTACAO/Paacutegina1.html

Proposta de redação

Respeito aos idosos
Leia os textos abaixo e redija um texto dissertativo de 30 linhas sobre o tema:

Jovem: biologicamente vigoroso, mas portador de uma pobre biografia. Velho: biologicamente debilitado, mas portador de uma densa biografia. Como conciliar isso, o novo e o velho, em nossa sociedade.
Pôr título e fazer rascunho.
Respeitar os idosos é aceitar o próprio futuro
O que temos ensinado aos nossos filhos a respeito da velhice? Pelo jeito, não temos passado boas lições sobre o assunto, e quem levantou o tema de nossa conversa de hoje foi o pai de um bebê de dez meses. Em sua correspondência, ele conta que teve de ir a um ambulatório de um hospital e, na sala de espera, encontrou muita gente. Acomodados nas cadeiras disponíveis no local estavam vários jovens e adultos e, em pé, várias senhoras -com mais de 70 anos-, uma delas cega. Parece que ninguém "viu" as idosas, ou seja, ninguém cedeu o lugar mais confortável a elas.
"O que aconteceu? De quem é a culpa pelo comportamento dessa geração que não se importa se um senhor com bengala está em pé com muito custo? Das escolas? Dos pais, que não ensinam o respeito aos outros -ou, se ensinam, praticam o oposto?" A indignação e a reflexão de nosso leitor, expressas nessas perguntas, fazem muito sentido. Só que pais e escolas não estão sozinhos nessa história.
É bom lembrar que vivemos um tempo em que ninguém quer envelhecer: usamos todos os recursos para maquiar a idade e temos bons motivos para isso. O velho não é bem-visto -nem sequer é visto- pela sociedade. Quem tem mais de 50 anos tem dificuldade para arrumar emprego, encontrar um parceiro quando está sozinho, ter um programa de lazer adequado e ser respeitado pelas crianças e pelos jovens. A palavra "coroa" deixou de ter um sentido carinhoso -se é que um dia já teve- e passou a ser pejorativa. Ofende-se quem é chamado de "coroa", mas a mesma pessoa pode sentir-se orgulhosa quando o adjetivo escolhido é "animal".
Recentemente, pudemos ler a seguinte nota na revista "Veja": "Bruna Lombardi estrela a edição de março da revista "Vip" disposta a provar que uma cinquentona, com a genética e os ângulos certos, pode continuar a ser considerada mulher". O recado social é claro: depois dos 50, perde-se a humanidade e a cidadania. Se não admitimos envelhecer, faz sentido ignorar que é preciso ensinar crianças e jovens a respeitar os idosos, não é? Fazemos de conta que quem é velho já morreu e pronto.
Respeitar o velho -escondido até na denominação "terceira idade" ou "melhor idade"- não é apenas uma questão de bons modos. Respeitar o idoso é reverenciar a experiência de vida, o conhecimento, a sabedoria acumulada de quem viveu e aprendeu, de quem sofreu, de quem tem um passado e uma história, de quem colaborou com a construção desse mundo e de quem deu a vida a quem hoje é jovem. Respeitar o velho é preservar nossa memória, aceitar o futuro e reconhecer o passado. Mas parece que o que vale hoje é o presente: viver o aqui e o agora é imperativo. Vivendo assim, como será o amanhã?
Temos um problema: a população brasileira envelhece, e os dados do censo são prova disso. Que contradição é essa que nos faz cegos a essa realidade? Ensinar e estimular crianças e jovens a conviver com os velhos pode ser positivo para ambos: aos mais novos, para que aprendam sobre a vida e a importância dos vínculos afetivos e dos compromisso assumidos, e aos mais velhos, para que ganhem um sopro de alegria, de entusiasmo, de esperança.
Uma amiga contou que, no supermercado, observou uma cena interessante. Uma velha senhora fazia suas compras acompanhada da neta de mais ou menos 12 anos, que, consciente da importância de seu papel, desempenhava-o de modo exemplar. Apontava o que a avó precisava, perguntava as preferências dela, dirigia o carrinho, fazia tudo o que fosse necessário para poupar a avó o mais que pudesse. De tão inusitada, a cena chamou a atenção de outra mulher que não se conteve e disse: "Muito bem, ajudando a avó a fazer compras; meus parabéns!".
O lugar destinado ao velho em nossa sociedade se expressa na educação que damos a filhos e alunos. Temos, no mínimo, um motivo bem egoísta para ter mais cuidado com essa questão: vamos envelhecer. E nossos filhos também. Por incrível que pareça.
ROSELY SAYÃO é psicóloga, consultora em educação e autora de "Sexo é Sexo" (ed. Companhia das Letras); e-mail: roselys@uol.com.br. – Folha de São Paulo, caderno Equilíbrio, 27/3/2003.

Temas de Redação

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=redacao/temas/index

Redação nos vestibulares

Redação nos vestibulares (Prof. Hélio Consolaro )
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=redacao/teoria/docs/conselhosdeultimahora

Paulatinamente, a prova de redação vem ganhando peso nos vestibulares. Como exemplo, o valor dela na soma total de pontos no exame das Faculdades Toledo de Araçatuba passou de 40% para 50%. Isto quer dizer que o total das notas de todas as outras matérias equivale à nota de redação. Isso demonstra que o ingresso na universidade depende cada vez mais de saber redigir.

Infelizmente, há alunos da 3ª série do 2º grau e de cursinhos que não perceberam esse fato, por isso não valorizam as aulas de redação ou não se submetem aos exer-cícios propostos pelo professor.

Sempre repito que o processo de alfabetização é contínuo, mas ganha qualidade quando a pessoa conseguir pôr no papel aquilo que pensa. Dizer que sabe, mas não consegue colocar o pensamento no papel, revela deficiência no domínio da língua escrita.

redigir bem significa ler sempre, redigir bem exige exercício constante da escrita, por isso a leitura nunca é tempo perdido, e escrever com constância é um hábito saudável. O adolescente que tem o hábito de fazer diário possui mais facilidade em redigir, pois exercita a escrita com mais freqüência.

Escrever não é vocação, é aprendizado. Como se aprende a bordar, mexer no com-putador, aprende-se também a escrever. Existem técnicas para isso.





Dissertação nos vestibulares



Prof. Hélio Consolaro



Leia bem a proposta de redação, gaste alguns minutos para entendê-la, pese e meça cada palavra, perceba se ela está no sentido denotativo ou conotativo, tudo isso faz parte da produção de um bom texto.



Se a proposta estiver solicitando sua opinião, não tenha medo de emiti-la. A banca irá examinar o texto e não, a opinião. Se você apresentou boa argumen-tação, escreveu coisa com coisa, períodos e parágrafos interligados, isso é o que vale. Seja sincero.



Caso tenha uma opinião formada, a sua tese já está elaborada, é só registrá-la adequadamente no primeiro parágrafo, depois argumente a favor dela no segun-do e no terceiro parágrafo, apresente um exemplo no quarto e conclua no quinto, reafirmando a tese.



Não transforme seu texto em desabafo nem em panfleto, com linguagem apai-xonada. A emoção deve ficar no rascunho, enquanto no texto definitivo, você deve chamar a razão para auxiliá-lo.



Não dispense o rascunho. Ele é a primeira versão do texto. Os escritores fazem várias versões de seus textos antes de publicá-los, não seja você, um iniciante, a querer dispensá-lo. Nele há possibilidade de melhorar o seu texto, alterar pala-vras, construir melhor os períodos, mudar a posição dos parágrafos.



Faça um bom texto, sem excesso de criatividade, nada de grandes lances, é a recomendação, pois a banca entenderá que saiu pela tangente para não enfrentar o assunto. Você NÃO tem o direito de correr o risco de jogar no lixo o esforço de vários anos por causa de um ímpeto, de uma bobagem. Boa sorte!



A redação nos exames vestibulares



Prof. Hélio Consolaro



Se a redação de seu exame vestibular for feita no mesmo horário de outras provas, como acontece nas Faculdades Toledo de Araçatuba, cuidado!



Sua primeira atitude ao receber a prova é ler e entender bem a proposta de redação. Perca alguns minutos nisso, pois um cochilo no seu entendimento pode lhe ser fatal.



Veja se a banca quer uma narração, uma dissertação ou uma carta argumentativa, por exemplo. Se a proposta pedir um texto em prosa, não se afobe, quer dizer que ele deva ser feito em parágrafos, nada de poema. Observe bem a quantidade de linhas. Há uma tolerância: cinco linhas a mais ou a menos.



A tendência atual é fazer da prova de redação também uma avaliação de leitura. Às vezes, os textos de apoio são uma ajuda ao estudante que conhecia pouco o assunto, outras, são uma armadilha para o vestibulando com dificuldade de leitura.



A banca dá um texto (ou vários) e pede ao vestibulando que dê sua opinião sobre o tema, que ficou implícito. Portanto ler e entender bem o(s) texto(s) não é perda de tempo.



Por que fazer a redação em primeiro lugar em vez de responder às questões? O vestibulando deve fazer o rascunho de sua redação, gastar uma hora com isso. Em seguida, partir para as questões. No final, com os olhos no relógio, reservar 30 minutos para a revisão do mesmo e escrituração do texto definitivo.



Assim, o vestibulando constrói seu texto com cabeça fria, sem ter se estressado com a outra prova. Além disso, passar a limpo o texto depois faz que o estudante ganhe distância crítica, melhore sua revisão. Isso facilita a descoberta de erros invisíveis, caso tivesse passado o texto a limpo logo após a montagem do rascunho.



Roteiro de correção de textos nos vestibulares



Prof. Hélio Consolaro



Diante da proximidade dos exames vestibulares, esta coluna continua a dar dicas sobre redação. Segue abaixo o roteiro de correção de textos:



1. A redação não pode fugir ao tema proposto. O conteúdo do texto precisa ter relação direta com o tema. Pode parecer uma regra óbvia, mas nem sempre ela é seguida.



2. É avaliada a capacidade do aluno de organizar os argumentos que fundamentarão a conclusão do texto. No caso de um texto narrativo, leva-se em conta a habilidade do autor na construção de personagens.



3. Uso adequado de conectivos (conjunções, preposições, pronomes). Para unir duas idéias contrárias, use conjunção coordenada adversativa: mas, porém, no entanto, en-tretanto.



4. Uso da língua na forma como ela é escrita, ou seja, é uma armadilha para o aluno o emprego de termos coloquiais, gíria e jargão. Expressões coloquiais só são aceitas na reprodução de diálogos.



5. Isso não significa que o texto tenha de ser empolado, de difícil entendimento.



6. A utilização correta dos recursos da língua. Em outras palavras, evitar erros gramaticais.